Mortalidade por hanseníase em contextos de alta endemicidade: análise espaço-temporal integrada no Brasil
Mortality from leprosy in highly endemic contexts: integrated temporal-spatial analysis in Brazil
Mortalidad por lepra en zonas de alta endemicidad: análisis espacio-temporal integrado en Brasil
Abstract
[RESUMO]. Objetivo. Descrever as tendências temporais e os padrões espaciais da mortalidade relacionada à hanseníase
nas regiões Norte e Nordeste do Brasil de 2001 a 2017.
Métodos. Estudo ecológico misto de base populacional, de tendência temporal e espacial, baseado em
dados secundários de declarações de óbito (DO) do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério
da Saúde (SIM). As DO foram examinadas para extração dos registros de hanseníase como causa básica e
associada de morte.
Resultados. Foram registrados 4 907 óbitos relacionados à hanseníase no período de interesse, 59,3% como
causa associada. A hanseníase não especificada (A30.9) foi a causa mais citada nas declarações de óbito
(causa básica: 72,7%; causa associada: 76,1%). Verificou-se risco acrescido de mortalidade por hanseníase
em pessoas do sexo masculino, com idade ≥60 anos e de raça/cor preta ou parda. A tendência temporal por
análise de pontos de inflexão (joinpoints) apresentou incremento na tendência geral da mortalidade na região
Nordeste e nos estados de Tocantins, Maranhão, Alagoas e Bahia, assim como no sexo masculino. Para a
distribuição espacial das taxas de mortalidade ajustadas por idade e sexo, assim como para as análises
das médias móveis espaciais e da razão de mortalidade padronizada, padrões acima da média da área de
estudo foram identificados para Acre, Rondônia, sul do estado do Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, sul do
Ceará e regiões do norte e sul da Bahia.
Conclusões. A mortalidade por hanseníase nas regiões Norte e Nordeste é expressiva e persistente, com
padrão focal de ocorrência em territórios e populações com maior vulnerabilidade. Ressalta-se a necessidade
de fortalecer a atenção integral à hanseníase na rede de atenção do Sistema Único de Saúde dessas
regiões. [ABSTRACT]. Objective. To describe temporal trends and spatial patterns of leprosy-related mortality in the North and Northeast
of Brazil from 2001 to 2017.
Methods. This population-based, mixed ecological study employed secondary data obtained from the Health
Ministry’s Mortality Information System. Death certificates were examined for extraction of information on
leprosy as underlying or contributing cause of death.
Results. In the period of interest, 4 907 leprosy-related deaths were recorded. In 59.3%, leprosy was a contributing
cause. “Leprosy, unspecified” (ICD-10 A30.9) was the most common cause recorded (72.7% as
underlying cause; 76.1% as contributing cause). Increased risk of mortality by leprosy was observed in males,
age ≥ 60 years and brown or black race/color. Joinpoint regression analysis of time trends revealed an increased
overall mortality trend in the Northeast and in the states of Tocantins, Maranhão, Alagoas, and Bahia, as
well as in the male sex. Regarding the spatial distribution of mortality rates adjusted by age and sex, as well as
the analysis of moving spatial means and standardized mortality ratio, patterns that were above the mean for
the area under study were identified for the states of Acre and Rondônia, the southern part of Pará, Tocantins,
Maranhão, Piauí, south of Ceará, and north and south of Bahia.
Conclusions. Leprosy mortality in the Brazilian North and Northeast is expressive and persistent, with a focal
pattern of distribution in more vulnerable territories and populations. Comprehensive leprosy care must be
strengthened in the Unified Health System in these regions. [RESUMEN]. Objetivo. Describir las tendencias temporales y los patrones espaciales de la mortalidad relacionada con la
lepra en las regiones norte y nordeste de Brasil del 2001 al 2017.
Métodos. Estudio ecológico mixto basado en la población, con análisis de las tendencias temporal y espacial,
hecho a partir de datos secundarios tomados de las declaraciones de defunción del Sistema de Información
de Mortalidad (SIM) del Ministerio de Salud. Dichas declaraciones se examinaron para extraer los registros
de lepra como causa básica y asociada de defunción.
Resultados. Se registraron 4 907 defunciones relacionadas con la lepra en el período de interés, en 59,3% de
las cuales se la citó como causa asociada. La “lepra no especificada” (A30.9) fue la causa más citada en las
declaraciones de defunción (causa básica: 72,7%; causa asociada: 76,1%). Se verificó un mayor riesgo de
mortalidad por lepra en personas de sexo masculino, mayores de 60 años y de raza o de piel negra o morena.
La tendencia temporal por análisis de puntos de inflexión (joinpoints) mostró un incremento en la tendencia
general de la mortalidad en la región nordeste y en los estados de Tocantins, Maranhão, Alagoas y Bahía, así
como en personas de sexo masculino. En lo referente a la distribución espacial de las tasas de mortalidad
ajustadas por edad y sexo, así como a los análisis de las medias móviles espaciales y de la razón de mortalidad
normalizada, se identificaron patrones superiores a la media de la zona de estudio en Acre, Rondônia, el
Sur del estado de Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, el Sur de Ceará y las regiones del Norte y Sur de Bahía.
Conclusiones. La mortalidad por lepra en las regiones norte y nordeste es significativa y persistente, con un
patrón focal de incidencia en los territorios y poblaciones con mayor vulnerabilidad. Se hace hincapié en la
necesidad de fortalecer la atención integral a esta enfermedad en la red de atención del Sistema Único de
Salud de esas regiones.
Subject
Category of PAHO Strategic Plan 2014-2019
Citation
Ferreira AF, Souza EA, Lima MS, García GSM, Corona F, Andrade ESN, et al. Mortalidade por hanseníase em contextos
de alta endemicidade: análise espaço-temporal integrada no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2019;43:e87. https://doi.org/10.26633/RPSP.2019.87
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